segunda-feira, 26 de julho de 2010

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Não confiem no que escrevo. Minhas palavras possuem vida própria. Depois que as escrevo, elas se opõem a mim e as minhas ideias iniciais. Por isso, ao que escrevo, constantemente, atribuo uma nova roupagem, uma nova apresentação. Remodelo, desfaço, refaço... tudo a fim de reconhecer o que escrevi outrora. Vivo diante da interminável tentativa de reconhecer palavras que foram minhas, mas que já não são mais. Criador e criatura: indiferentes, irreconhecíveis. Ambos talvez em busca de um encontro, um reconhecimento. Não sei se minhas palavras me procuram de fato, mas tenho certeza que as busco, as perco, as reencontro, as rechaço, as vivo.

Retiro umas palavras, acrescento outras, substituo algumas por similares, altero até pontuações! Tornou-se confuso, então mudo! Não posso rasgar, apagar, então apenas altero, transformo. Palavras que, de alguma forma, ainda estão ou que um dia estiveram fortemente registradas em mim, e que fazem ou fizeram parte de mim. Às vezes não as reconheço como minhas, mas sei que um dia elas saíram de mim e que são frutos do meu pensamento; daí os porquês de não poder eliminá-las, caso contrário estaria eliminando a mim mesmo.

Espelho da alma? Talvez sim, talvez não. Espelho de mim! Assim parece-me ser um pouco mais próximo, menos misterioso. Não que desacredite no que não vejo – nem sei se me vejo deveras –, apenas não quero prolongar-me mais, pois ao falar de mim e de minhas palavras já estou cutucando algo misterioso: meus próprios mistérios. Quem sou eu? O que significam minhas palavras? Elas me significam ou eu as significo? Devo tentar compreender isso primeiro, depois - se meu tempo resistir até este depois - então cutucarei o misterioso...

sábado, 10 de julho de 2010

Uma tarde na biblioteca

Na biblioteca as ideias se confundem e minha paranoia por conhecer me consome e me faz mal.

Devo evitá-la, pois não posso ler todos os livros, nem ler o que os outros estão a ler, tampouco posso ser o conhecedor de tudo.

Sempre haverá alguém que me ensinará algo sobre a vida. Não devo ser tão pretensioso, beirando o impossível.