quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

FELIZ ANO IMPREVISÍVEL!

Poucas horas separam a humanidade daquilo que representa a renovação e a esperança. E - mesmo que sempre após as comemorações esses sentimentos, de certa forma, desapareçam e o ano novo torne-se mais um ano monótono - é certo que milhares de pessoas, em todos os cantos do mundo, rezam e ficam na expectativa por um ano melhor e mais próspero.

São 365 dias que se vão e mais 365 dias que chegam para serem vividos e guardados na memória. É o momento em que o fim e o começo se encontram e são relembrados, planejados e celebrados.

Para alguns, é o fim de um ano maravilhoso que pode continuar cheio de grandes realizações e acontecimentos. Para outros, simboliza o fim não só do ano, mas o fim de um período árduo e triste, que a partir da meia noite começará a mudar da água para o vinho - ou seria melhor champagne?

Certamente, ótimo seria se a chegada do ano novo fosse, de fato, um período apenas de prosperidade, felicidade e tudo mais que há de bom e agradável. Porém, o ano novo é na verdade apenas o início de um movimento elíptico que dura 365 dias e 6 horas, e o restante [prosperidade, felicidade, paz...] fica por conta do imprevisível; do improvável. Contudo, resta-nos acreditar e sonhar com dias e vidas melhores; afinal, sonhar é possível e permitido, sendo assim, não custa nada dar pernas e, sobretudo, asas a imaginação e aos desejos, além de fazer figa e ficar na torcida para que os seus sonhos, quem sabe, se tornem a mais pura realidade.


FELIZ ANO NOVO!

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Amigos

Ás vezes tenho a sensação de que estou nos lugares certos com as pessoas certas. Parece estranho e inacreditável, mas penso estar perto das pessoas que realmente sabem e exalam o verdadeiro significado da amizade.

É verdade que brigamos e que, certas vezes, quase chegamos às vias de fato, entretanto, tudo não passa de um puro reforçamento dos nossos laços de amizade; afinal, pensamos e somos todos diferentes e iguais ao mesmo tempo. Se fossemos 100 % iguais, nossa amizade certamente não teria graça, pois a própria amizade se traduz em reconhecer as semelhanças e saber respeitar as diferenças existentes em quem está próximo.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ser Humano

Sempre soube a respeito da ignorância que nós, seres humanos, temos herdado e carregado desde quando fomos colocados em contato com as realidades do mundo. E que o início dessa ignorância se dá a partir do instante em que nos autodenominamos seres humanos, e não nos questionamos o que essa denominação realmente significa.

Mas, e então, o que é Ser Humano? Será apenas uma nomenclatura científica para nos diferenciar dos outros seres vivos? Será uma forma de demonstrar que somos dotados de solidariedade e compaixão pelo próximo? Ou Ser Humano é, de fato, ser imbuído de tudo um pouco, da solidariedade à própria ignorância? Afinal, nós somos humanos e não temos sangue de barata!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Olhos da Insensibilidade

Fim da madrugada e o amanhecer vem aos poucos surgindo timidamente. Tanta tranquilidade, repentinamente, é quebrada por uma trágica notícia [...].

Acordo espantado e aguardo que sentimentos de condolência surjam em meu peito. Mas horas e horas se passam e eu permaneço atônito como se nada tivesse acontecido.

A falta de angústia me traz um vazio que não entendo, mas que tenho a estranha oportunidade de sentir: será que não tenho sentimentos pelo próximo? Onde está meu altruísmo? Talvez tantas leituras e dias e noites de estudo árduo tenham me feito ver o mundo com outros olhos: os olhos da insensibilidade.

Então, do que vale me tornar um "gênio", se ao mesmo tempo perco minha identidade?

Talvez esses sejam os efeitos colaterais de viver em busca de respostas e soluções para as questões da vida, que gradualmente vão perdendo o seu verdadeiro valor: a vida.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Boa ConTRADIÇÃO

Realizar sonhos ou concretizar projetos? Realizar parece-me ser um termo tão distante, tão vago; um verbo que não transpira força, dedicação e esforço; e que quando complementado pelos sonhos, torna-se ainda mais distante, inalcançável e irreal.

Concretizar, como o próprio já revela, é concreto, real e mais próximo daquele que luta e se esforça durante incansáveis dias para chegar ao ápice, ao ponto principal de seus projetos de vida.

Não obstante, acredito que quando alcanço o real estou eu, na verdade, realizando meus sonhos mais inalcançáveis, porque no fundo, a vida precisa de um pouco de fantasia e eu já tenho me acostumado com esse fato.

sábado, 19 de setembro de 2009

Preciso Ser Eu

Por que me mantenho calado...? Talvez seja para refletir acerca dos diversos e árduos desafios que tenho pela frente. Desafios que ainda não tenho certeza se irei ultrapassar.

Talvez fique calado porque, às vezes, o silêncio seja a melhor resposta para algumas questões; ou quem sabe, o fato que me faz ocultar meu belo timbre de voz seja por não ter o que dizer, ou por tê-lo em demasiado.

Em vários momentos da vida dou-me conta de que fico por minutos, quando não horas calado, mudo; rodeado pelo silêncio que me invade, me conforta e por que não dizer que esse mesmo silêncio angustia e traz-me a ideia de que a vida passa e eu permaneço - parado, mudo [...].

Porém, por mais incrível que possa parecer, essa monotonia conturbada que me acompanha já se tornou uma companhia inseparável, porque preciso refletir, preciso silenciar, preciso conter-me, preciso privar-me, preciso identificar-me, preciso ser eu.

sábado, 15 de agosto de 2009

Sempre Exclusiva


Vendo vídeos antigos de Clarice Lispector, que nem por isso deixam de ser exclusivos, senti por um instante a explosão do orgulho de ser leitor assíduo das obras que a tornam a cada página, quando não parágrafo, imortal.

Impressionou-me ver sua simplicidade, objetividade e coragem de dizer não a uma pergunta ou até mesmo, ao afirmar que para algumas coisas não há resposta "é segredo!", como por exemplo, o momento em que o homem se depara com a tristeza e a solidão em sua vida.

Tímida e ao mesmo tempo ousada, como ela mesma afirma ser, Clarice de início parece não corresponder às expectativas, a ponto de perguntarmo-nos se ela realmente foi capaz de fazer brotar histórias tão magníficas como a da inesquecível Macabéia e a do misterioso Martim. Mas, é justamente aí que passamos a entender que a sua timidez, somada ao problema de dicção - em um primeiro instante - camuflam a ousada Clarice, que não se intimida ao dizer que nem ela própria, às vezes, não conseguia entender o que escrevia, como em O ovo e a galinha que para ela continuava sendo um enigma.

Sem objetivo específico quanto ao público que queria atingir, Clarice revela ser caótica, intensa e fora da realidade, além de não se considerar profissional, uma vez que queria ser livre em suas criações.

Quando não escrevia considerava-se morta, e a cada obra finda, ou melhor, a cada período morta, via-se necessitada de um tempo para poder concatenar histórias. E, assim, ao fim de uma de suas novelas decide direcionar-se a literatura infantil e comenta que ao escrever para crianças sentia facilidade por ter um grande lado maternal, mas ao direcionar-se ao adulto ela encontrava-se com o mais secreto de si mesma.

Clarice que em suas leituras misturou todos os gêneros e estilos e que por isso acabou por não saber e, talvez, não entender os principais princípios e autores de sua formação, afirma também que por ódio e raiva muitas vezes rasgava seus escritos, pois estava cansada de si mesma. Ao ser indagada a respeito de seus renascimentos, disse que no momento estava morta e esperando para ver se renascia novamente.

Por fim, acredito que essa mistura de autores e, consequentemente, de visões de mundo, as quais ela se refere ao fim da entrevista, talvez tenham sido essenciais para que Clarice se tornasse uma das, se não a maior escritora Brasileira -"sou Brasileira e pronto!"-, que apesar de ausente fisicamente, deixou para a humanidade um tesouro imensurável que atrai gerações de leitores apaixonados por sua escrita modestamente auto-definida como simples.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Futuros de um País

Ápice da metade do dia, e a rua, que havia sido interditada para pavimentação logo pela manhã estava quase deserta, isso, porque transeuntes, que em sua maioria eram estudantes, caminhavam em direção ao ambiente do saber, e forçados ou por vontade própria eram obrigados a enfrentar o tilintar do raios de sol e o torpor dos ventos, que neste período do ano eram praticamente escassos.

Uns caminhavam com visível rapidez, outros pareciam não querer chegar ao seu destino. E o fato de tanta lentidão, talvez fosse para que não encharcassem os uniformes de suor; ou para dialogar o suficiente com quem estava do lado; ou para apreciar uma música - nem sempre tão boa - naqueles modernos aparelhos, que há gerações nem faziam parte da imaginação.
E, enquanto o atordoante sinal não fazia o seu chamado, alguns deles buscavam uma sombra, ora para continuar a conversar, ora para descansar o longo percurso feito a pé e até para passar toda a tarde, com a desculpa de que seriam poucas aulas e o professor não era lá tão agradável, como se fosse novo que de grão em grão..., e que em cavalo dado se pudesse olhar o rabo.

[...]TrEIiiimmMmM..., além de atordoante ainda era excêntrico o sinal escolar. Talvez esse fosse o motivo pelo qual tantos alunos sentissem tamanha aversão e acabassem por fazer trajeto inverso às salas de aula [...].

Maturidade

Quem um dia não acreditou ser imortal ou imbatível?
Quem um dia não pensou ser capaz de voar ou atravessar paredes?
Quem um dia não imaginou ser um bruxo do bem ou um herói?
Quem um dia não foi criança e viveu curtos períodos de sonhos e desejos irreais?
Quem um dia não teve que despertar do sonho e, infelizmente, enfrentar a realidade?

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Passado Inexistente

Marília entra em seu quarto e vai em direção às janelas. Ao abri-las, fixa o seu olhar no céu, e contemplando a luz da lua e o magnífico emaranhado de estrelas, sente a leve e fria brisa de uma noite de inverno. Ao longe, ouve uma suave música e levada pela combinação dos mais delicados sons, cria em sua mente momentos de alegria que não viveu.

Subitamente, a brisa, antes calma, ganha extraordinária força a ponto de fechar a porta com tamanha violência e despertar a triste e doce Marília de sua longa viagem ao passado inexistente.

Logo após ouvir os fortes ruídos da porta, o mordomo da mansão sobe as escadas e chega ao canto de refúgio da pequena Marília. Ao entrar, encontra-a aos prantos e tenta acalmá-la. Depois de muitas lágrimas escorrerem pelo seu rosto angelical, Marília confessa que sua tristeza é por saber que toda sua fortuna não lhe trouxe a felicidade, mas sim a solidão.

Sorte?

Há pessoas que têm muita sorte, ou pelo menos, acreditam tê-la
Há outras, coitadas...! que nem sabem o que é a sorte
Há algumas que dizem brincar com a sorte
Há também as que já não acreditam em sorte
Há aquelas cuja obsessão é a sorte
Há outras que têm tanta sorte que nem imaginam o tanto que a possuem
Há as que de tanta sorte, nem parecem ser sortudas
Há quase nenhumas que não dependem de sorte, mas quando ela [a sorte] surge, agarram e aproveitam-na de todas as formas, e são, exatamente essas, as verdadeiras pessoas de sorte.