quinta-feira, 27 de outubro de 2011

11

A universalidade matemática desconhece a grandiosidade das dimensões do universo. Até para os matemáticos há o instante do pensamento sem valor aproximado. E nem sempre está ao alcance da razão humana arredondar o infinito à direita da vírgula. A razão é aquém da verdade de todos os dias; é como o zero à esquerda com seu valor estranhamente subestimado.

Prescindir da razão é poder solver problemas do princípio, meio e fim. E isso antes mesmo que os dois pontos, que antecedem o pensamento ilógico, sejam pronunciados pela boca aparentemente convicta do professor; professores, em especial os de matématica, que só se mantêm ainda como seres reais de instabilidade apenas por não terem deixado de findar o trivial "Resolva o problema" com singelos dois pontos.

1+1=2?

O resultado de 1+1 pode ser por toda uma vida somente 1+1. A união em um só nem sempre é possível, pois coadunar-se é perder-se; é ter que abdicar do que é próprio para poder se engastar no que pertence ao outro. Um encaixe sem brechas, nem mesmo para o penetrável ar, que é 2. Ser 2 em 2 é deixar de ser 1 para ser 2 em 1; é ser conteúdo em forma e sofrer em romance.

Mas 1+1 pode ser 11. E, embora menos aproximado, esse parece ser o resultado mais adequado. Estar ao lado, apesar de menos romântico, é ter sempre como resto o respeito; é não ter um único padrão, mas ter o desvio como padrão sempre possível. Estar ao lado é a garantia de que a perda pode ser menos dolorosa. Ser 1 ao lado de 1 é imbricar-se e ao mesmo tempo ter a oportunidade de preservar a preciosa unidade que é característica indissociável de cada um de nós.