terça-feira, 25 de setembro de 2012

Meu primeiro brain storm



Ao longe ouço o sibilo de apitos que parecem exigir a liberdade criada pela opressão dos homens. É um protesto. É uma perda de tempo num país onde a “voz de Deus” fala apenas o que quer ouvir a minoria. Não sou adepto a manifestações, protestos ou a qualquer outro tipo de movimento que tome o tempo que eu poderia estar aproveitando para folhear as páginas de um bom livro. E ultimamente eu tenho consumido meu tempo para também desenhar flores que nunca vi e que tenho somente na imaginação. A última que esbocei me lembra uma margarida. E acredito que nela o néctar é mais puro e perfeito que as pétalas e folhas disformes feitas a lápis; o néctar chega a ser tão perfeito e doce que dezenas de formigas já desbravam a folha de papel na qual rabisquei a flor que, a partir desta brisa que acaba de refrescar esta tarde quente, atenderá pelo nome álacre e singelo de gaia. Gaio, se não sabes, é feliz. E gaia é feliz flor. É a aliteração da beleza. E o belo para mim pode não o ser para você, bem o sei. Eu, por exemplo, vejo o belo até na penca de bananas. E, além do belo, vejo também a física. As bananas, unidas na verde e protetora penca, brotam e apontam para o mundo da divergência. Elas nascem para convergir e, quando crescidas, divergem pétreas até o instante em que uma mão, movida pela fome ou apenas pela tentação, quebra-lhes os talos, assim, destruindo, já com culpa, o coletivo, a união. Somos e sempre seremos etenos culpados. Já nascemos com a culpa do pecado em nossos corações. E tudo porque no princípio não souberam esperar pela força da gravidade. Caso assim tivessem agido, a condição sempiterna do pecado seria de exclusividade apenas do disco de Newton que, quando girado, não gera música psicodélica, mas ganha a “descor” de uma folha de papel recém-tirada de uma resma.